domingo, 2 de outubro de 2011

Cidadania II

     A origem da palavra cidadania vem do latim "civitas", que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou pode exercer. Segundo Dalmo Dallari: "Cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social"


                                      (DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna,1998. p. 14)
só depende da sua cidadania


    No Brasil, estamos gestando a nossa cidadania. Damos passos importantes com o processo de redemocratização e a Constituição de 1988. Mas, muito temos que andar. Ainda predominam uma visão reducionista a cidadania (votar, e de forma obrigatória, pagar os impostos... ou seja, fazer as coisas que nos são impostas) e encontramos muitas barreiras culturais e históricas para a vivência da cidadania. Somos filhos e filhas de uma nação nascida sob o signo d cruz e da espada, acostumados a apanhar calados, a dizer sempre "sim senhô?", a "engolir sapos", a achar "normal" as injustiças, a termos um "jeitinho" para tudo, a não levar a sério a coisa pública, a pensar que os direitos são privilégios e exigi-los é ser boçal e metido, a pensar que Deus é brasileiro e se as coisas estão como estão é por vontade de Dele.


    Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas conquistados. Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de quem está em cima para os que estão embaixo. Contudo, a cidadania não nos é nada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.


    A cidadania não surge do nada cimo um toque de mágica, nem tão pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos. Simplesmente porque existe o Código do Consumidor, automaticamente deixarão de existir os desrespeitos aos direitos do consumidor ou então estes direitos se tornarão efetivo? Não! Se o cidadão não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão letra morta, ficarão só no papel.


     Construir a cidadania é também construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência,na vida social e pública. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa pública e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada per temáticas como solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.


     A cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever de casa, onde faço a minha parte, apresento o pronto, acabou. Enquanto seres inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando consciência mais ampla dos direitos. Nunca poeremos chegar e entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, demandando novas conquistas e, por tanto, mais cidadania.
                                                                                              (Enciclopédia Digital Direitos Humanos II)

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